“Qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser um empreendedor e se comportar empreendedorialmente. O empreendimento é um comportamento, e não um traço de personalidade…” Peter Drucker
A decisão de criar uma empresa, principalmente neste início de século, é de importância vital para a nossa sociedade pois envolve geração de bens e serviços destinados a satisfazer as necessidades de uma população crescente e cada vez mais exigente. Há por trás do “satisfazer as necessidades” um desafio muito grande e superá-lo requer acções decisivas de empreendedores dispostos a criar empresas. Cientes dessa necessidade e desafio, muitos países têm implementado programas de apoio aos empreendedores como parte da estratégia de desenvolvimento.
Segundo Fillion, empreendedor é a pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões. O empreendedorismo se constitui em um conjunto de comportamentos e hábitos que podem ser adquiridos, praticados e reforçados nos indivíduos, ao submetê-los a um programa de capacitação adequado de forma a torná-los capazes de gerir e aproveitar oportunidades, melhorar processos e inventar negócios.
Empreendedores são pessoas que não desistem de seus objectivos de transformar simples ideias e sonhos em realidade. Para tanto, e como condição necessária para o sucesso é-lhe requerido um conjunto de aptidões (analíticas, cognitivas, comportamentais etc). Não é comum um indivíduo apresentar todo o perfil exigido para se tornar um empreendedor de sucesso. Neste sentido é que se justifica programas de capacitação para aumentar as suas chances de sucesso como empreendedor.
A arte de empreender deixou de ser considerada um dom e hoje o empreendedorismo é uma disciplina que consta no programa de vários cursos e em praticamente todos os níveis de ensino.
O empreendedorismo tem despontado como o novo paradigma da administração. Embora sendo um termo muito utilizado na mídia, o empreendedorismo ainda é pouco conhecido pela grande maioria da população e mesmo muitas pessoas “cultas” têm associado o empreendedorismo apenas a “abertura de empresas”. Essa visão reducionista de um tema tão importante para o País tem condicionado o seu desenvolvimento e percepção do seu real significado e permitir políticas adequadas ao seu desenvolvimento no País. Geralmente, concentra-se a atenção nos aspectos formais, ligados à capacitação nas técnicas de planeamento (plano de negócios) e questões de abertura de empresa, relegando para segundo plano os aspectos mais importantes, ligados ao “comportamento”, hábitos, atitudes e valores - que faz parte da verdadeira essência - do empreendedor. O descaso com esses aspectos informais dificulta a percepção de grande parte de problemas que condicionam o desenvolvimento empresarial nacional.
Um aspecto chave em relação às características dos empreendedores é a necessidade de autonomia, independência, autoconfiança, inovação e criatividade.
Actualmente, com o aciramento da concorrência em termos mundiais, o aspecto mais determinante para o sucesso e sobrevivência de empresas é a criatividade e a busca persistente por inovação. A criatividade permite solucionar problemas e também aumenta a competitividade.
A capacidade criativa geralmente é determinada na infância. A liberdade de expressão é um factor importante na formação de crianças criativas, persistentes, comprometidas com suas metas e com auto-confiança. Aspectos esses que são imprescindíveis para o sucesso na vida e nos empreendimentos.
Sobreviver neste mundo cada vez mais globalizado e competitivo requer pessoas criativas, inovadoras com capacidade de escapar de ideias convencionais. Como por exemplo, pode-se citar o relativo sucesso e criatividade que o país apresenta na música. Provavelmente não teria alcançado tanto sucesso se todos os artistas fossem obrigados e se expressarem de uma forma diga-se, “convencional”. O país precisa urgentemente de crianças, jovens e adultos criativos, autoconfiantes, persistentes enfim, empreendedores e para tanto devemos ser capazes de permitir a liberdade de expressão tão logo possível e o governo não pode prescindir de adoptar qualquer instituição (norma, regras, etc,) que permite alcançar esse objectivo. Pelo facto de que mais do que uma reivindicação de muitos, é uma condição necessária para a sobrevivência e sustentabilidade do País.