terça-feira, 19 de abril de 2011

O efeito contagio da crise Portuguesa em Cabo Verde

Esta notícia é preocupante para a nossa economia principalmente numa altura em que ainda persiste os efeitos da crise financeira em todo o mundo, que se caracteriza por uma onda de incerteza e desconfiança em relação à economia e num contexto em que os investidores buscam alternativas mais seguras de investimento. Essa preocupação vem do facto de estar a aumentar o diferencial dos juros pagos pelo governo de Cabo Verde para as Obrigações do Tesouro (cerca de 4%) e os juros oferecidos pelo governo de Portugal (actualmente a 10%). A remuneração das Obrigações das empresas privadas na Bolsa de Cabo Verde de cerca de 6,5% está longe dos mais de 9% ou 10% oferecidos pelo Estado Português. Esse diferencial nos juros, num ambiente de abertura económica e livre mobilidade do capital como ocorre no nosso País, pode levar a uma fuga de divisas. De facto, sendo que a banca no País é detida maioritariamente por instituições portuguesas, provavelmente será óptima oportunidade para ela (e não só) investir nos Títulos de dívida soberana do estado Português que além de pagar mais, tem maiores garantias de cumprimento. Essa situação pode levar a uma escassez de crédito no nosso mercado e dificuldades agravada ao nosso sector privado, já “privado” do crédito.
Nota-se que mesmo nas operações de crédito de longo prazo, no País, os juros actuais na média de 10% podem deixar de ser atractivos para a banca privada. Actualmente, devido à crise que se verifica no mundo todo, os demais países tem saído à cata de dinheiro e competindo connosco em termos de captação de divisas. Pelo facto de serem países que além de estarem a oferecer juros menores, tem melhor rating de cumprimento que nós podem estar em vantagens, requerendo que as nossas estratégias de competição sejam mais agressivas.
Além do apelo patriótico de ajudar o País (Portugal) que actualmente passa por dificuldades, a situação é uma boa oportunidade de negócios para varias empresas portuguesas e infelizmente, para nós, pode traduzir numa maior restrição ao crédito pelo facto de que como citado anteriormente, toda a banca nacional é dominada por empresas portuguesas e na ausência de politicas monetárias restritivas, de controle de capital ou aumento nas taxas de juros a possibilidade de fuga de capital torna-se real.
O aumento das taxas de juros pagas pelo governo Português pode inclusive desviar nossos potenciais IDE - Investimento Directo Externo. Sendo uma alternativa segura de investimento vários investidores podem optar por comprar os títulos da divida pública Portuguesa em vez de se arriscar em investimentos produtivos em Cabo Verde.
Neste contexto, a crise no nosso maior parceiro comercial traz perspectivas pouco animadoras para o País que entretanto, deve lançar mão de políticas económicas coerentes com a actual conjuntura pelo facto de que o risco de termos de pagar uma factura muito elevada é real.

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