A informação e a incerteza sempre estiveram na origem de todas as grandes transformações que a sociedade passou ao longo do tempo. Desde os primórdios da humanidade que o homem preocupa em entender e prever os fenómenos do mundo que o rodeia.
Dada a limitação de técnicas e métodos de alcançar a verdade e eliminar a incerteza recorria-se frequentemente a explicações baseadas na religião, mitos, filosofia etc. Apenas recentemente a ciência moderna ofereceu á humanidade um instrumental analítico (método científico) que lhe permite analisar de forma mais objectiva os fenómenos que acontecem na sociedade.
A economia é uma ciência que, embora recente, tem a pretensão de tentar explicar o comportamento do homem na sociedade especificamente, na relação de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Entretanto, dada a complexidade envolvida na analise dos determinantes do comportamento do homem na sociedade esta ciência tem recorrido de diversos pressupostos para tornar a análise factível e susceptível de ser abordada por meio de procedimentos matemáticos.
As críticas tem-se intensificado á medida que resultados teóricos não satisfazem e seus pressupostos metodológicos tem-se tornado cada vez mais excêntricos. Os pressupostos são classificados como irrealistas, sem muita conexão com a realidade e não são poucos os casos em que os procedimentos científicos são simplesmente ignorados.
Um dos principais constrangimentos ao progresso da economia como ciência está relacionado á adoção do positivismo lógico como filosofia, restringindo o objecto de estudo da economia.
A proposta metodológica do realismo critico trouxe grande progresso no debate da metodologia da ciência económica porque não restringe o objecto dessa ciência a factos empíricos, reconhece que a realidade não se esgota nos factos e adopta métodos que visa explicar os mecanismos e leis causadoras do curso efectivo dos eventos, permitindo uma ciência económica mais objectiva. Os progressos verificados na economia, principalmente os contributos recentes da economia experimental e da economia do comportamento tem relaxado vários pressupostos desta ciência e permitido maior maturidade em termos metodológicos.
O progresso da economia enquanto ciência requer a constante revisão dos pressupostos, maior problematização dos factos e evitar a interferência de crenças e valores pessoais (visão de mundo do cientista), e as pressões politicas que empuram para o convencional e ideológico, desviando da orientação científica.
Os desafios que a conjuntura económica e social nos apresenta, impõe uma reflexão e busca de soluções cada vez mais eficientes. Soluções que levam em consideração as especificidades económica e social da nossa sociedade para que efectivamente possam surtir efeitos desejáveis no progresso nacional.
A necessidade de formação de um núcleo de pensamento crítico nacional para debater idéias, promover discussão crítica sobre as alternativas que nos apresentam e escapar da sabedoria convencional é de grande urgência e os desafios que a nossa economia enfrenta actualmente indica que não devenos nos descurar desta necessidade.
É necessário desenvolver o senso crítico nacional e levar a sério a máxima de Amilcar Cabral quanto á necessidade de “pensa ku nós propi kabesa”, valorizando a dúvida, a suspeita das verdades absolutas e a fundamentação científica das críticas.
Este primeiro post dá uma indicação do que se pretende com este blog. Criar um espaço para o debate sobre aspectos da ciência econômica que possa ser relevante para melhor entendimento das especificidades da nossa economia.
0 comentários:
Enviar um comentário