Embora não sendo muito comentada, acredito que pouca gente duvida que a nossa vulnerabilidade externa tem aumentado de forma evidente e persistente sem que ninguém aborde a questão. Sendo uma das variáveis macroeconómicas essenciais para aferir sobre a sustentabilidade do País no longo prazo estranha o facto de que os indicadores relativos ao comércio externo terem pouco destaque na midia e nas politicas públicas do governo.
A Balança de Transacções Correntes faz parte da Balança de Pagamentos e regista as importações e exportações de bens e serviços do País e regista também as transferências unilaterais e a balança de rendimentos. Deficits na balança de Transacções Correntes podem não ser preocupantes no curto prazo entretanto, ao se tornarem crónicos será um dos principais desafios que as economias terão de vencer caso pretendem sobreviver no longo prazo. A história económica está repleta de caso de problemas que surgem na economia devido a deficit na Balança de Pagamentos (ver exemplo da crise no México, Tailândia e recentemente com Portugal e outros).
Encontrei um texto na internet que ressalta a preocupação dos deficits na conta corrente e lembrei de abordar este tema neste post. Essa é apenas uma parte do texto “…Enquanto os défices correntes na Irlanda e, em menor grau, na Espanha, caíram no último ano para níveis mais sustentáveis, no caso de Portugal e da Grécia permanecem "excessivamente altos", respetivamente em 10,4 por cento e 9,9 por cento” que pode ser encontrado aqui. A nossa Balança de Transacções Correntes tem apresentado deficits consecutivos desde 1988 e a tendência é de piorar cerca de 0,5 pontos percentuais chegando ao valor absurdo de mais de 15% do PIB (os dados podem ser obtidos aqui) estimado pelo FMI em período recente da nossa economia. Essa situação é preocupante e limita de certa forma a sustentabilidade do País no longo prazo.
Em um artigo interessante do economista chefe do FMI (Olivier Blanchard), sugere aqui que o deficit em transacções correntes é imprudente e insustentável e que, geralmente, esta relacionado a distorções internas do País necessitando de medidas adequadas para ser balanceada.
Realmente, o deficit na balança corrente esta associado ao sector privado nacional e é um indicador da competitividade do País.
Da mesma forma que uma empresa não pode permanecer com deficit consecutivos no seu balanço anual, os Países também estão sujeitos aos mesmos princípios. Tendo em consideração a nossa situação e perspectiva de futuro devemos dar maior atenção à nossa conta corrente da balança de pagamentos e neste contexto a exportação deve ser o principal foco das políticas económicas se quisermos aumentar as nossas chances de garantir o crescimento económico no futuro sem agravar o deficit e entrar na “armadilha da dívida”.
Acho que é evidente a necessidade de ponderarmos sobre a nossa sustentabilidade económica e começar a combater o deficit na conta corrente da Balança de Pagamentos e para tanto temos poucas alternativas de políticas económicas. O caminho mais saudável será sem dúvida o incentivo à exportação de bens e serviços. É uma medida imprescindível tanto pelo facto de que o nosso deficit tem aumentado como também pelo facto de que o nosso maior parceiro comercial (Portugal) estar a passar por sérios problemas e ter aumentado as taxas de juros o que por sua vez pode levar a fuga de capital. Quanto a essa possível “fuga de capital” merece uma análise no próximo post.
2 comentários:
obrigado pela materia
tem ai uma tabela da balanca?
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