“Uma economia solidária exige, além do
desenvolvimento de sua base material, um alto grau de conscientização e
motivação por parte de sua população, movida por princípios éticos e valores de
compaixão e solidariedade”. Henrique Rattner
Desde a independência o governo
tem tentado transformar Cabo Verde em um País desenvolvido. Embora os esforços
empreendidos, pode-se notar que ainda somos um País subdesenvolvido e com
elevados índice de pobreza, desigualdade e desemprego.
A economia solidaria tem-se
despontado como uma forma de organização do sistema económico focada na
pretensão de se valorizar a autogestão, a cooperação, o acesso ao mercado a
valorização do trabalho e a dignidade do homem tanto na dimensão económica como
social.
O sucesso da economia solidaria
depende em grande parte dos aspectos intangiveis da sociedade.Isto é, grande
parte dos problemas que ainda se verificam no País estão associadas a ausência
de atitudes de cooperação, falta de confiança, pouca organizaçãosocial e fraca
mobilização da sociedade para resolver problemas comuns. Isto é, devido ao
baixo nível do capital social as iniciativas de empreendimentos coletivos têm
tido pouca viabilidade e sustentabilidade.
De acordo com Robert Putnam, Capital
Social está relacionado com os diversos aspectos ligados à organização social,
como redes sociais, confiança mútua, compromisso cívico, fortes laços de
reciprocidade engajamento cívico, cooperação voluntária entre outros.
Encontra-se relacionado ás normas, instituições e organizações que promovem a
confiança e a cooperação entre pessoas.
Qualquer empreendimento que se
baseia nos princípios de colaboração, cooperação, participação e confiança só
consegue se desenvolver se tiver um elevado estoque de capital social. Neste
sentido a economia solidaria só conseguirá prosperar se tiver como ingrediente
os elementos do capital social.
Infelizmente, nota-se em Cabo
Verde uma nítida redução da confiança (ex: dificuldades no acesso ao crédito
por falta de fiador), varias associações de classes não conseguem se
desenvolver por falta de participação e confiança e, praticamente inexistem
cooperativas de produção. O desafio para se promover a economia solidaria deve
começar primeiro por aumentar o estoque de capital social que além de
permanecer muito baixo apresenta indícios de diminuição (aumento da
criminalidade, desestruturação familiar, pouca confiança nos/entre outros).
Quando se promove as relações de
reciprocidade e cooperação cria-se redes de solidariedade, confiança e
tolerância e, possibilita elevados níveis de participação nas associações e
portanto maiores possibilidades de se desenvolver a economia solidaria.
Neste sentido, a promoção e o
sucesso da economia solidaria vai estar dependente dos aspetos intangíveis da
sociedade e, basicamente, depende do nível de capital social que o país
conseguir acumular e manter. Convém reforçar o aspeto de que o capital social
se fortalece e aumenta quanto mais o utilizar e se manifesta através das
iniciativas coletivas baseadas na cooperação espontânea, garantidas pela
confiança e reciprocidade.
O papel do estado na criação do
capital social será fundamental, principalmente em sociedades como a nossa onde
existem desigualdades na distribuição de renda e de oportunidades, onde o desemprego
reduziu as esperanças da população jovem, onde a imigração promoveu a
desestruturação familiar e os elevados índices de violência desarticulou as
redes de relações sociais. A falta de confiança, pouca cooperação e
solidariedade dificultam a manifestação/surgimento da consciência cívica
fundamental para a formação da sociedade civil critica, participativa e
comprometida com as suas responsabilidades sociais e dispostos a enveredar
pelos empreendimentos coletivos e, por conseguinte, limita o sucesso da
economia solidária e, por conseguinte, a capacidade de desenvolvimento do país.
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