O
empreendedorismo tem despontado como o novo paradigma da administração e é, sem
dúvida, uma alternativa viável para a promoção do crescimento económico e
geração de emprego. Embora sendo um termo muito utilizado na mídia, o
empreendedorismo ainda é pouco conhecido pela grande maioria da população e
muitas pessoas têm associado o empreendedorismo apenas a “abertura de
empresas”.
As
estruturas de apoio ao empreendedorismo estão focadas em prestar serviços ex-ante ao processo empreendedor isto é,
oferecem serviços associados á identificação de ideias e oportunidades de
negócios, elaboração de plano de negocios, financiamento etc e acabam por
negligenciar os aspectos ex-post,
associados com a gestão do empreendimento, capacitação do empreendedor e
especialmente, descurandodo nivel de educação financeira, criatividade e
inovação do empreendedor.
A
visão simplista do que é empreendedorismo tem condicionado o seu
desenvolvimento e impede a identificcação de políticas mais adequadas ao seu
desenvolvimento no País. Geralmente, concentra-se a atenção nos aspectos
formais, ligados à capacitação nas técnicas de planeamento (plano de negócios)
e detalhes de abertura de empresa, relegando para segundo plano os aspectos mais
importantes, ligados ao “comportamento”, hábitos, atitudes e valores - que faz
parte da verdadeira essência - do empreendedor. O descaso com esses aspectos
informais/comportamentais dificulta a percepção de grande parte de problemas
que condicionam o desenvolvimento empresarial nacional, especialmente as que
determinam a limitada propensão à acumulação de capital no país.
A
promoção do crescimento económico, mais oportunidades de emprego, maior sustentabilidade
empresarial e melhoria do ambiente de negócios acontecem através da acumulação
de capital isto é, dependem das opções que os empresários e familias escolherem
para aplicar o seu dinheiro.Praticamente não existem estruturas de apoio aos
empresarios no sentido de lhes fornecer orientações durante a escolha de
alternativas para aplicação dos recursos disponiveis. Muitas escolhas dos
empresarios não promovem a acumulação de capital e por conseguinte pouco
contribuem para a melhoria do ambiente de negocios, crescimento económico e
emprego e, no fim, limitam o proprio desenvolvimento empresarial.
Neste
contexto, na promoção do empreendedorismo deve-se dar maior atenção aos
aspectos pós-implementação da empresa, associados à capacidade de criatividade,
inovação, gestão e educação financeira.
A
taxa de mortalidade das empresas no País é muito elevada, e este facto, por si
só, indica que deve-se dar maior atenção às empresas durante o seu
funcionamento. Os maiores riscos acontecem quando a empresa enfrenta a
realidade do mercado, que muitas vezes é totalmente diferente da simulação
feita no plano de negocios.
Sobreviver
neste mercado cada vez mais concorrencial depende da capacidade (em termos
comportamentais - atitude, valores etc) dos empresarios em fazerem escolhas mais
eficientes na afectação dos recursos escassos da empresa.
Em Cabo
Verde tem-se implementado varias actividades de promoção do empreendedorismo e
já existem iniciativas para incorporar, no ensino convencional, as disciplinas
associadas ao empreendedorismo porém, deve-se dar mais atenção ao “ser”
empreendedor do que “o que é” emprendedorismo. Muitas vezes preocupa-se em
definir empreendedorismo, identificar o perfil de um empreendedor, identificar
ideias e oportunidades de negocios, elaborar um plano de negocios etc e esquece-se
do mais importante que é criar, nas pessoas, as competencias de um
empreendedor. Reforçar o espirito critico, criativo, inovador, atitudes enfim,
um verdadeiro empreendedor que conseguirá “navegar” a empresa por “mares” cada
vez mais desafiadores e fazer melhores escolhas. Neste contexto a promoção do
empreendedorismo deve focar na capacidade do “capitão do barco” e nas “tecnicas
de navegação” ao invés de se concentrar apenas na “embarcação”, financiamento
da “embarcação”, arquitetura da “embarcação” etc.
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