A economia como ciência tem sido
criticada no que diz respeito a seus resultados e pressupostos metodológicos irrealistas.
Vários procedimentos científicos são simplesmente ignorados, dificultando que a
ciência económica seja mais objectiva.
Dificuldades na problematização
dos factos económicos e a falta de consenso em relação a opções de politica económica têm permitido espaços para a interferência de crenças e valores pessoais (visão
de mundo do cientista) e também, as pressões politicas empuram para o
convencional e ideológico, desviando-se da orientação científica.
Em Cabo Verde ainda não
conseguimos chegar a um consenso em termos de uma narativa coerente sobre a
nossa história económica e o legado de cada governo em relação ao desempenho da
economia. Somos assombrados ainda pelos “Zombie Economics” – ideias que já estão
mortas mas ainda persistem nas propostas dos nossos politicos.
O espaço de debate sobre a
economia nacional, além de exiguo, é dominado por “achismo”, preconceitos ideológicos e/ou partidarios onde apenas
participam os autênticos “agarados” ideológicos, intolerantes e com limitada
capacidade de participar neste espaço de debate sem atacar, ridicularizar,
desrespeitar, humilhar e apontar defeitos da pessoa que ousar contrariar a sua
crença, numa lógica de que “tudo vale”. Na falta de argumentos, muitos dos
nossos pseudo-cientistas recorrem a chavões, termos técnicos (economês),
vocabulário exótico, persuassão, recursos retóricos entre outros instrumentos
de terrorismo intelectual, criando um ambiente hostíl que acaba por afastar
grande parte da massa crítica nacional do debate.
A necessidade de formação de um Núcleo
de Pensamento Crítico nacional para debater idéias, promover discussão crítica
sobre as alternativas que nos apresentam e escapar da sabedoria convencional (que tanto tem atrapalhado a percepção real da nossa economia) é de grande urgência e os desafios que a nossa economia enfrenta
actualmente indica que não devemos nos descurar desta necessidade. Devemos
levar a sério a máxima de Amilcar Cabral quanto á necessidade de “pensar com a
nossa própria cabeça”, valorizando a dúvida, a suspeita das verdades absolutas
e a fundamentação científica das críticas.
O país precisa de politicas
económicas mais eficientes. Alguns subsídios importantes e valiosos podem ser
encontrados no recente Relatorio de Desenvolvimento Mundial de 2015, publicado
pelo Banco Mundial, sob o titulo Mentes, Sociedade e Comportamento. O documento
representa uma autêntica revolução em termos de formulação de políticas de
desenvolvimento. Além de indicarque as limitações cognitivas eos preconceitos
ideológicos podem negligenciar soluções potenciais para os problemas de
desenvolvimento, atribui uma enorme responsabilidade ao Estado no processo de
desenvolvimento.
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